Abril Marrom: mês da prevenção e combate de diversas espécies de cegueira!
A cegueira pode ocorrer por diversas causas. No Brasil, existem mais de 1,2 milhão pessoas com perda total da visão.
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 60% das cegueiras são evitáveis. Isso significa que pelo menos 700 mil brasileiros ainda poderiam enxergar se os seus problemas de visão tivessem sido tratados precocemente.
Cegueira infantil
Diagnóstico precoce e cuidado multidisciplinar podem evitar cegueira infantil
- Retinopatia da prematuridade;
- Catarata;
- Toxoplasmose;
- Glaucoma congênito e – Atrofia ótica são as principais causas de cegueira e baixa visão moderada a grave infantil no Brasil, segundo levantamento produzido pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Na verdade, com a oftalmologia atual, pelo menos 70% das causas de cegueira ou grave comprometimento visual infantil poderiam ter sido evitadas se tratadas efetivamente. Infelizmente isto não tem acontecido.
Para reverter este quadro é preciso começar fazendo um bom pré-natal, para identificar e tratar doenças infecciosas congênitas, como toxoplasmose, herpes, citomegalovírus, sífilis e, mais recentemente, o Zika vírus”.
Logo após o nascimento o teste de reflexo vermelho, popularmente conhecido como teste do olhinho. “É um teste simples, feito pelo pediatra e obrigatório por lei “. Que serve de alerta em alguns casos, mas o exame com um oftalmologista é que vai realmente diagnosticar e tratar estás crianças . O ideal é que os pais levem o bebê antes dos 6 meses para a primeira consulta oftalmológica.
De acordo com o levantamentos em crianças pré escolares, estima-se que 5% delas apresentem menos de 50% da visão normal”. Importante salientar que a perda mesmo que parcial da visão nos primeiros anos de vida, causa um grave impacto no desenvolvimento global da criança, levando a dificuldade de aprendizado, baixo desempenho escolar e problemas de autoestima, Além disso, essa criança tem necessidade de educação especial e material adaptado.
Causas mais frequentes de baixa acuidade visual na infância
TOXOPLASMOSE OCULAR CONGÊNITA (14 a 40%):
Doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Estima-se que 33% da população estejam infectadas, embora a maioria seja assintomática. A doença pode ser classificada como congênita, quando a gestante se infecta na gravidez e o parasita atravessa a placenta e contamina o feto. A doença pode ser adquirida, também chamada de pós-natal. O comprometimento ocular é a manifestação mais comum da toxoplasmose, e a doença é a principal causa de uveíte (inflamação da úvea, camada intermediária do olho) no mundo, podendo levar à sequela visual grave.
Prevenção: para inibir a infecção é recomendado evitar o consumo de carnes cruas ou mal cozidas, lavar adequadamente utensílios domésticos após contato com carne crua, consumir água fervida ou tratada, limpar frutas e vegetais antes do consumo. “O contato com gatos requer cuidados dobrados com relação à higiene, já que o parasita se hospeda nas fezes dos felinos. Essa recomendação também é válida para todo local por onde os gatos transitam, como parques e tanques de areia.
CATARATA INFANTIL (7 a 19%):
A catarata pediátrica, responsável por 14% das crianças cegas do mundo, é uma das principais causas tratáveis ou preveníveis de cegueira na infância. “Uma criança com catarata congênita total bilateral, ou seja, nos dois olhos, não operada antes dos 3 meses de vida, desenvolverá nistagmo (movimento oscilatório e/ou rotatório do globo ocular) e terá uma baixa de visão irreversível.
Prevenção: normalmente a catarata infantil pode ser de causa hereditária, por infecções maternas (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus e outras), causas metabólicas (hipoglicemia e hipocalcemia), síndromes, entre outros fatores. Assim, o objetivo é a identificação e tratamento precoce. O teste do reflexo vermelho é usado para detecção precoce da catarata em crianças e deve ser realizado durante as primeiras semanas após o nascimento e três vezes ano até o segundo ano de vida. Para ser considerado normal, o examinador deve enxergar um reflexo vermelho ou alaranjado e simétrico. Esse exame é atualmente obrigatório em 16, dos 26 estados brasileiros, e no Distrito Federal. Mas o exame com um oftalmologista sem dúvida é o mais seguro.
RETINOPATIA DA PREMATURIDADE (3 a 21%):
É uma doença que compromete a vascularização da retina imatura dos recém-nascidos prematuros. Estima-se que existam no mundo cerca de 1,5 milhão de crianças cegas. Destas, 100 mil estão na América Latina, e cerca de 20% dos casos a cegueira ocorrem pela retinopatia da prematuridade.
Prevenção: é uma doença diretamente ligada ao nascimento prematuro, assim, a melhor forma de prevenção é através da realização do pré-natal. Os fatores de risco para a doença relatados na literatura são prematuridade, muito baixo peso ao nascer, síndrome do desconforto respiratório, sepse, transfusões sanguíneas, gestação múltipla e hemorragia intraventricular. O acompanhamento precoce por um oftalmologista ajuda a minimizar algumas alterações graves.
GLAUCOMA CONGÊNITO (11 A 18%):
O termo glaucoma infantil representa um grupo de doenças raras que tem como característica a pressão intraocular elevada, lesão no nervo óptico, impacto no desenvolvimento do globo ocular e da acuidade visual. No Brasil, o glaucoma infantil está entre as principais causas de cegueira em crianças.
Prevenção: os cuidados começam com a realização de exames pré-natais para identificação e tratamento de doenças infecciosas congênitas e aconselhamento genético para doenças hereditárias, como o glaucoma. Ao nascimento e ao longo dos primeiros anos de vida, a procura precoce por um exame oftalmológico completo.
ATROFIA ÓTICA (10,5%):
A atrofia do nervo óptico resulta na desconexão das ligações nervosas que unem o olho ao cérebro. Quando chega ao ponto de atrofiar, o nervo óptico não transmite mais os sinais luminosos para o cérebro montar a imagem.
Prevenção: como a atrofia é o ponto final do processo de perda de visão pelo desligamento do nervo óptico, suas causas podem ser variadas. Os principais sinais do processo de atrofia são visão embaçada, perda aguda da capacidade de distinção das cores, diminuição da acuidade visual (qualidade da visão), estrabismo ( olho torto), perda do campo visual.
DRA. ELIANE LAMOUNIER
CRMMG: 22020